terça-feira, 29 de março de 2011

Saudade x Presente

Para não ter saudade do tempo em que eu era feliz e não sabia,  me permito, então, ser feliz todos os dias!

Beozonte, 29 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sobre os Venenos


Discordo da sabedoria popular ao que ela diz sobre o efeito venenoso da língua humana.

Atribuindo a cada parte de nosso corpo uma arma, à língua caberia o punhal, pois fica embainhado, só esperando pelo momento de ser sacado e utilizado para o bem ou para o mal, pode ferir, pode salvar, pode cortar, pode simplesmente cutucar, causando do dano mais leve e sutil ao mais mortal, pode ser sem cega alguma, só para adornar, ou afiado a ponto de não temer qualquer superfície. O seu portador, sabendo fazer bom uso pode causar uma morte lenta e dolorosa, ou instantânea. Mas não estou aqui pra falar de punhais, dissertarei sobre venenos, provavelmente a mais antiga das armas.

Continuando no processo de comparação, o veneno, caro leitor, caberia a que parte de nosso corpo? Podes adivinhar? Acertou aqueles que disseram o olhar!

Sim o olhar, o mais sutil dos venenos, uma vez que tal artimanha não serve só para nos levar ao último suspiro de nossas vidas, mas também para causar angústia, dormência, topor, alterações de consciência, excitação...

Sendo conhecedor das suas variadas formas de uso, como doses e tempo de administração, o utilizador pode obter efeito imediato, dependendo da intenção tem efeito gradativo, aos mais desavisados tem efeito retardado, somente aos mais resistentes, ou insensíveis, não surtirá efeito algum...

Aos inimigos doses de cianureto, de acordo com a dose e tempo de exposição vai do levemente tóxico ao letal; aos indiferentes veneno de serpente, causador do frio; aos amores extrato de beladona, age no coração, causa calores, dilata as pupilas, dá palpitações. Só não os recomendo para o mau, pois é preciso saber que se não houver cuidado em sua manipulação pode-se acabar provando do próprio veneno.

Mas, como o uso dos venenos caiu em desuso, parece que o dos olhares segue a mesma vertente, infelizmente. Estamos cada vez mais impessoais, usamos e abusamos cada vez menos da presença das pessoas e cada vez mais da tecnologia, não sabemos aproveitar os momentos que estamos na presença de alguém, são sempre conversas rápidas sobre nada. Não há olhares, não há toques (a esse atribuo as armas de eletrochoque, de ação imediata, podem causar paralisia, seu efeito fica marcado na memória e ainda há estudos sobre mortes ocasionadas por seu uso).

Diante disso faço um apelo: Reaprendamos a utilizar nosso arsenal para que possamos combater da melhor forma nosso bom combate, assim não perdemos oportunidades que nos surgem por não saber como lutar por elas, talvez aí estejam trechos do tão buscado caminho para a felicidade.


Belo Horizonte, 23 de março de 2011